Vou-lhes contar uma história:
Havia um peixe e ele estava triste pois invejava os
pássaros.
Todos os dias o peixe saia para fora de sua casa de conchas,
pedras coloridas e diferentes algas e olhava para o céu, e ali via a silhueta
dos pássaros a voar.
Pareciam tão grandes, plenos, rápidos e livres!
Ele olhava ao seu redor e via ao seu alcance do oceano,
parecia tão restrito, denso, a mercê de marés e um tanto quanto claustrofóbico!
Ele sabia, dentro de si, que não poderia ser como as aves,
sabia que se pulasse mar afora em uma pedra ou banco de areia, iria morrer sem
a sua fonte de vida, morreria afogado de ar. Isso lhe frustrava.
Ele passou um percentual de sua vida a lamentar. E depois
passou uma segunda parte a lamentar o tempo que lamentou, até que um dia uma
ave desajeitada pousou sobre a água a boiar.
“- Elas são nossas predadoras”, sua mãe dizia, ele lembrava
muito bem disso, mas não tinha escolhas, já havia perdido tempo suficiente de
sua vida e estava pronto para correr esse risco. Era a terceira parte de sua
vida a lamentar ou fazer algo.
Chegou com o único anseio que lhe restava até próximo da ave
e perguntou:
- Ave, como é ser ave?
E a ave, respondeu:
- Um eterno levantar e descer voo. Sempre preocupando com a
direção do vento, com as manobras de subida e descida, quanto há de energia,
quanto há de luz, qual musculatura usar e em constante análise de direção.
Aliás, pousei aqui nesse mar de pouca onda para descansar. Queria eu submergir
nesse oceano e ó me preocupar em deixar-me levar pelas marés.
O peixe ficou intrigado e percebeu que talvez não fosse tão
bom ser uma ave, ou talvez porque essa ave era desajeitada, e ficou ali, na
quase superfície a borbulhar conjecturas.
No meio de sua filosofia, a ave ainda o comeu, e levantou
voo, exausta e entediada.
E é o fim da história.
Meus amigos! Esse é um belo estudo.
Tanto para nos espelhar, tanto para nos fazer aprofundar no
oceano intenso que é o nosso mundo interno.
Ao convite desse estudo, que ele possa servir de ferramenta
para vasculhar mais um pouco os lugares internos que ocupam. Os significados aí
são muitos, infinitos de acordo com o sentir particular de cada ser.
Sintam. Explorem-se nos personagens conhecendo as realidades
de ambos. Se coloquem no lugar de cada ora como o peixe que não conhece o
sentir da ave, ora como a ave que não conhece o sentir do peixe.
Das memórias da sabedoria, do arcabouço de possibilidades,
eu sou um espírito amigo.
E me permitam apenas uma última pergunta:
Anjo, como é ser anjo?
Canalizado por Bruno Morais em 23 de maio de 2020
Imagem encontrada em: https://hgwastro.files.wordpress.com/2012/02/peixes_bicolor.png
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