terça-feira, 1 de setembro de 2020

Nossas imaturidades e necessidades de reconhecimento (por Kátia de Souza)


Você já ouviu aquele ditado que diz que "Deus não dá o frio maior que o cobertor"? Então. Na verdade a vida não é nada além ou aquém daquilo que somos.

É comum ao humano aguardar por certo reconhecimento e isto está ligado a tantas coisas dentro de nós. Como se nos faltasse algo, passamos uma vida inteira, às vezes, nesse aguardo - esperando que os outros nos reconheça em nossas ações. E é muito fácil dizer que "não espera reconhecimento", porém, não esperar mesmo, é outra coisa. 

É tão comum a nós guardar na "gaveta do coração" (reprimindo) essa necessidade, pois, racionalmente, sabemos que talvez isso esteja relacionado a nossa conduta infantil ou imatura e nos culpamos por ainda alimentar essa necessidade. E está relacionado ao infante em nós sim, mas diferente de como comumente se pensa, não está errado sentir assim. Reconhecer essas imaturidades, é algo que cabe aos amantes de si mesmo e lidar com isso, aos ousados que buscam esse amadurecimento. Ver de novo e de novo, mais uma vez eu digo, faz parte, sempre há algo a mais a se ver. 

E no que tange ao reconhecimento, saibamos que a vida já nos trouxe esse reconhecimento em muitos momentos e sempre nos trás; através de amigos, familiares, acontecimentos, "coincidências", entre outras coisas que experienciamos. Já nos foi dito, falado e demonstrado. Mas, ainda estamos ali, como crianças birrentas, agitadas e aos berros que nada vê o que acontece a nossa frente, esperneando em pleno supermercado querendo o chocolate que a mãe disse que não ia comprar. E é essa a cena, não enxergamos o reconhecimento que a vida nos trouxe porque nos limitamos naquilo que queremos, em nossas imaturidades, não sabemos lidar com as frustrações que a vida nos oferece, não queremos ser faltantes ou sentir o gosto da falta. E que dirá saber da importância que é ser "faltante" na vida.

A vida te trás o que faz ressonância contigo. Leia o que a vida está te trazendo, sinta a importância e grandiosidade dessa oferta, sinta o valor que aquilo que lhe chega tem a ver com a sua grandiosidade. Sim, não é aquilo que você quer porque aquilo que você quer, talvez e somente talvez, esteja relacionado com algo que não diz respeito a você propriamente, mas a algo que você aprendeu com alguém a querer e não com você mesmo. A vida é sábia e te mostra quem você é. Quem não quer ver aquilo que é, fecha-se sim, diante das ofertas da vida ou as encaras como castigo, privação ou culpa o outro.

Reconhecer a si mesmo está diretamente ligado a reconhecer nossas imaturidades dentro, além do que se entende por ego. É aí que se encontra essa criança birrenta e ferida a desviar-se dos seus compromissos de ser a própria vida em abundância e assumir-se, naquilo que realmente é, primeiramente. Não se cresce criando figuras de luz, mas vivendo como "luz"(seres inteiros) e para tanto é sim, preciso adentrar ao que não queremos, ali bem pertinho, dentro de nós mesmos.

Já não se espera por reconhecimento quando já não se pensa sobre o assunto, já não se culpa o outro por nossas frustrações, já não precisa das birras para sustentar suas verdades porque vivê-las lhe preenche e sabe da vida por inteiro em suas dádivas, mas em suas adversidades também. Sabe ainda que nem sempre "serão flores", mas sempre será vida. 

E essa postura acontece naturalmente com o amadurecimento. Não é algo forçado e pensado, racional: "não vou agir assim porque isso é imaturidade", isso é tentar controlar algo que não se controla e vai jogar isso pra baixo do tapete mais uma vez e de novo. Enquanto não aceitarmos que não é errado, mas faz parte de nós, ainda nos manteremos na mesma condição infantil que sempre nos conduziu, porém, com estratégias mentais diferentes. Consciência faz mudar, transforma, a mente, controla. 

Aquilo que queremos, se olharmos bem de perto é muito pouco, perto daquilo que a vida nos oferece. 
A vida acredita muito mais em você do que você mesmo, isto pois, te oferta outra coisa, aquilo que é e você não consegue ver. A vida lhe oferta aquilo que você é, cabe a você ver. E para ver... o caminho é sempre você, sempre. Assuma as suas imaturidades, aceite-as e aprenda a lidar com as mesmas nesse mundo em convivência, eduque-se. Uma vida em equilíbrio começa em nós mesmos aceitando aquilo que somos por inteiro.

(Kátia de Souza - 01/09/2020)

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